Autora: Elsa Silva Santos, HR Director da CGI Portugal
A crise pandémica provocou, de uma forma geral, alterações profundas nas empresas, nos negócios, nas pessoas e na sociedade. Os desafios que as organizações enfrentam variam conforme as suas áreas de atuação e têm exigido dos gestores tomadas de decisão vitais, que visam não só a manutenção dos negócios e dos empregos, mas principalmente garantir a segurança, a saúde e o bem-estar dos seus colaboradores.
Uma das principais transformações sentidas foi no uso da tecnologia. Nunca na história se precisou tanto dela como hoje e se há uma área de investimento que as empresas não podem descurar para se manterem competitivas é a do investimento nas TI. As empresas digitalmente mais maduras foram as que mais facilmente lidaram com o novo contexto e se adaptaram. No nosso caso, os métodos de trabalho instituídos e a sua flexibilidade permitiram-nos responder ao desafio, laborando maioritariamente em remoto, mas garantindo a proximidade, quer dos colaboradores, quer dos nossos clientes e parceiros.
A realidade ao dia hoje, é, ainda, muito incerta. Atravessar a pandemia da Covid-19 e as suas consequências socioeconómicas será um dos maiores desafios do nosso tempo. A gestão de Recursos Humanos, neste novo contexto, tem que ser uma das principais prioridades. A estratégia na gestão de pessoas necessita de se reinventar, tirando melhor partido das ferramentas à sua disposição, ao mesmo tempo que precisa de manter o envolvimento das pessoas com a organização. Este ajustamento materializa-se em quatro pilares fundamentais: gestão eficaz do trabalho remoto, envolvimento dos membros da equipa, gestão da produtividade, bem-estar dos colaboradores.
➢ Gestão eficaz do trabalho remoto
Uma equipa em trabalho remoto requer um maior esforço por parte dos gestores para promover a manutenção das relações, construir confiança e reduzir a falta de comunicação e potenciais conflitos. A impossibilidade da presença física cria alguns vazios nos membros das equipas e, por isso, devem ser implementadas estratégias diferentes, como por exemplo realização de reuniões regulares, partilha de objetivos individuais e de equipa, de forma clara e transparente, e cultura de “porta aberta” para permitir a interação sempre que necessário pelos meios de colaboração disponíveis.
➢ Envolver os membros da equipa
Enquanto o período de trabalho remoto se mantém indefinido, surge cada vez mais a preocupação sobre como envolver efetivamente os membros das equipas, para garantir o sentimento de pertença, contribuir para a produtividade e manter a moral. Este envolvimento pode ser feito através de ações de team building virtuais, formações, momentos mais informais de partilha, entre outros. Sejam quais forem, o importante é ter sempre em mente que a distância física tem de ser colmatada por iniciativas que envolvam os colaboradores e que os façam sentir como parte da empresa.
➢ Gestão da produtividade
Este é um dos pilares fundamentais para qualquer equipa que trabalhe em remoto. A ciência mostra-nos que o nosso cérebro é mais produtivo quando fazemos pausas regulares. Assim, e sempre que possível, as empresas devem criar um ambiente assente na flexibilidade e no cumprimento de metas e objetivos, permitindo que os seus colaboradores possam maximizar o número de horas produtivas, com vantagens para ambas partes.
➢ Bem-estar dos colaboradores:
A transição para o trabalho remoto parece ter um impacto positivo no bem-estar dos colaboradores, uma vez que é frequente apresentarem níveis mais elevados de satisfação. Mas, como acontece com qualquer mudança no comportamento organizacional, podem advir consequências negativas que, se não forem identificadas e mitigadas de forma proativa, podem tornar-se uma preocupação. Para o evitar, é importante oferecer aos colaboradores a oportunidade de manterem ou desenvolverem estilos de vida saudáveis, tanto a nível alimentar, como de exercício de físico e, até, apoio a nível psicológico.
Deste modo, as empresas cuja gestão de Recursos Humanos seja sentida como próxima, preocupada em adaptar as suas necessidades às necessidades dos colaboradores, que tenha comportamentos socialmente responsáveis e como principal prioridade a saúde e bem-estar de todos, terão consigo colaboradores mais envolvidos, identificados com os valores da empresa, mais produtivos, mais felizes e prontos para uma caminhada conjunta.