Uma liderança eficaz pressupõe a capacidade dos líderes e gestores gerirem tensões organizacionais. O relatório «Desafios paradoxais de gestão», desenvolvido pelo Observatório de Liderança da Nova SBE em parceria com Fundação Haddad, procurou analisar as tensões que os líderes atuais enfrentam no seu dia a dia, seja nos negócios e sociedade, gestão de talentos, digital ou equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
As empresas são hoje confrontadas com os desafios cada vez maiores de um ecossistema progressivamente mais complexo, onde várias partes interessadas lutam pelo seu tempo e recursos. O stress ou o desconforto sentido quando os líderes precisam de fazer escolhas que permitem que as suas organizações avancem e cresçam são, neste relatório, interpretadas como tensões organizacionais inescapáveis na atividade de qualquer gestor ou líder.
O relatório do Observatório de Liderança explora os desafios que 25 reconhecidos líderes a trabalhar em Portugal encaram, e como procuram navegá-los.
Na análise aos desafios de negócios e sociedade, os investigadores procuraram compreender como lidam os líderes com a mudança, verificando que esta é encarada pelos gestores de forma positiva e produtiva, e não como uma ameaça.
Ficou patente nas entrevistas a crescente necessidade que os líderes sentem de integrar e aliar o sucesso dos seus negócios com o progresso da sociedade, nomeadamente no que se refere à consciência ambiental e social: 96% dos entrevistados manifestaram-se sensibilizados e preocupados com as alterações climáticas causadas por ação humana. Ao nível da diversidade nas suas empresas, 72% dos líderes entrevistados acreditam já fomentar grande diversidade nas suas equipas.
Ao nível da gestão de talentos, verifica-se que os líderes dão importância ao investimento na educação: 96% dos inquiridos indicaram que continuam a investir na sua educação. Ao nível de habilidades e características de liderança que valorizam quando se trata de recrutamentos para posições de liderança, destacam sobretudo a adaptabilidade, ética, responsabilidade, curiosidade, capacidade de trabalho em equipa e visão estratégica.
Quando questionados sobre as razões por detrás do seu sucesso destacam como valências importantes a resiliência, persistência, curiosidade e o facto de se dedicarem arduamente ao que fazem. Dos entrevistados apenas 24% considera que as competências de liderança não podem ser aprendidas, e 52% considera ter nascido já com perfil de líder.
Numa era de transformação digital, os investigadores procuraram analisar como a tecnologia está a mudar o panorama das organizações e explorar como os líderes estão a utilizar essa mudança para seu benefício, mesmo enfrentando grandes dificuldades. Alguns desafios identificados são, por exemplo, a lentidão de processos que, paradoxalmente, visam tornar as organizações mais ágeis, ou as tensões sentidas na transformação de processos analógicos para o digital.
Ainda assim, 92% dos líderes considera-se digitalmente capaz e atualizado quanto a ferramentas tecnológicas para as necessidades do seu trabalho. Quando inquiridos sobre se a Inteligência Artificial e a automação poderão vir a substituir as funções de gestão, 84% mostraram-se confiantes de que essas tecnologias irão sobretudo facilitar as tarefas e não substituí-las.
Na análise dos desafios associados ao equilíbrio entre vida pessoal e profissional, a abordagem focou-se nos mecanismos emocionais que lhes permitem (ou não) encontrar este balanço: 84% dos líderes entrevistados no estudo acredita ter encontrado um bom equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Saber delegar é um dos mecanismos referidos, sendo que esta é uma das formas utilizadas pelos líderes para manter controlo sobre a organização. Ainda assim, do universo dos 25 líderes inquiridos, 48% assume que os seus dias nunca correm como planeado e vários entrevistados assumem interpretar o seu trabalho como um hobby.
Aceda ao Relatório do Observatório de Liderança aqui, e ao webinar de apresentação do relatório aqui.